primeiro encontro (ou como as formigas fazendeiras mudaram minha vida)
pensamentos e fatos curiosos
Eu amo essa história. Sempre que conheço alguém novo, gosto de contar. A história de como eu e a Bia, minha namorada, nos conhecemos.
Como a maioria dos casais da atualidade a gente se conheceu na fila do pão. Mentira. A gente deu match no Tinder. Eu nunca tive problema em iniciar conversa em aplicativo porque, na minha cabeça, no momento que eu dei like na pessoa, é porque eu quero conversar com ela. E eu sempre quero conversar. Às vezes queria ser mais misteriosa, enigmática, mas eu sou um papagaio com distúrbio de atenção. Voltando… demos match no Tinder e eu puxei a conversa. Ainda bem, porque a Bia nunca puxou conversa NA VIDA. Ela nunca deu em cima de ninguém, nunca iniciou nada. Todas as relações na vida dela foram iniciadas pela outra pessoa. E isso se chama “as vantagens de ser bonita”. Como não fui agraciada com essa característica, preciso me apoiar no carisma. Falamos brevemente pelo app, comentei sobre a foto dela, que envolvia uma placa escrito: cervejas canábicas artesanais. Disse: “que energia boa a dessa foto! o que achou da cerveja?” ao que ela respondeu: “opa! obrigada! eu nem tomei, só gostei da placa”. Ela é aquariana. Fomos pro whatsapp e lá eu comecei já chamando ela de Bia e descobri que ela tinha horror a cerveja sem glúten e que nunca tinha mandado um áudio na vida. Sim. A Bia estava morando embaixo de uma pedra. Mentira de novo. Ela só é cronicamente offline.
Depois de algumas mensagens, ela perguntou se eu não queria encontrar ela na feira do Lavradio. Essa é uma feira muito legal e clássica que tem aqui no Rio. Ao longo da feira têm vários barzinhos. Então ficou combinado. Sábado, 01/04, 14h. Sim, nosso primeiro encontro aconteceu no dia primeiro de abril. E a essa altura eu tinha certeza que a Bia era um catfish.
Na sexta, fui encontrar meu melhor amigo, o Edu. Fomos num japa e disse pra ele o quanto eu estava desanimada com a minha vida amorosa. Vim de uma série de relacionamentos fracassados, decepções terríveis. Estava desencantada do amor. Eu sou canceriana, pra deixar de acreditar no amor precisei me fuder muito. Um dia ainda conto essas histórias. Enfim, estava decidida, nunca mais ia me apaixonar. Não deixaria de beijar na boca, pois mulheres são seres incríveis, mágicos e não iria aguentar passar o resto da vida sem beijá-las. Mas não ia mais entregar meu coraçãozinho pra nenhuma. Edu riu, mas disse: “isso aí, amiga, bora piranhar mesmo!”
E foi nessa energia que eu saí de casa pra encontrar a Bia. Como eu não tava dando nada por esse encontro, cheguei lá trocando mensagem pelo WhatsApp com um amigo que joga online comigo. Tava marcando de jogar mais tarde, depois do encontro. Ele me deu uma zoada, mas desejou boa sorte no date e tal. Foi eu levantar o olho do celular, bati o olho na Bia atravessando a rua com um sorriso enorme. E foi naquele momento que eu percebi, me fudi. Ela era linda, uma fofa com covinhas e um jeito todo simpático de ser. Um serzinho de luz. Andamos até o bar, sentamos na mesa e, no meu nervosismo, soltei a seguinte frase:
“Você já ouviu falar nas formigas fazendeiras?”
Sim. Primeira vez que eu estava conversando com essa mulher linda, que eu queria muito pegar, e eu puxo a conversa falando sobre as formigas fazendeiras.
“Existe um tipo de formiga, chamada formiga fazendeira. Você já viu formiga carregando folhinha? Então, elas não comem folhas. Na real, elas não comem nada que carregam. Elas se alimentam de fungo e do néctar desse bichinho chamado pulgão, que elas levam pra morar dentro do formigueiro em uns cercadinhos e elas alimentam ele como se fossem vaquinhas.”
A reação da Bia foi completo choque. Primeiro, entenda, eu não trabalho na área. Eu sou professora de inglês. Provavelmente falei alguma merda. Mas eu amo curiosidades. Tipo que o pôr do sol em Marte é azul. E meu cérebro acha legal guardar esses fatos pra soltar quando eu tô muito nervosa. Nesse momento, eu estava muito nervosa mesmo. A Bia era linda, fofa, simpática, inteligente. Eu era… bem, eu.
Mas ela viu potencial em mim. Porque não arrumou uma desculpa e foi embora. Ela ficou. E depois disso, a gente podia falar sobre qualquer coisa. E foi o que a gente fez. Quando você vai em muitos encontros, percebe que são sempre as mesmas perguntas, uma coisa protocolar, quase entrevista de emprego. Eu acho isso muito chato. E a Bia também. Então minha esquisitice combinou com as expectativas dela e a gente se deu bem.
Uns 20 minutos depois, ela foi ao banheiro. Peguei o celular e o meu amigo com quem estava trocando mensagem perguntou como tava o date. Eu só respondi: “estou apaixonada”. Pois é. Nem 24 horas depois de dizer pro Edu que eu nunca mais ia me apaixonar, aí estava, perdida no personagem.
Bia voltou do banheiro e eu perguntei se ela iria comigo pra outro lugar. Ela disse: “tô contigo”. Me arrepiei toda, mas sou insegura, então quis ter certeza: “e se o outro lugar for a minha casa?” Novamente, ela falou: “tô contigo”. Pedimos a conta e fomos andando até o meu apartamento.
Veja bem. Bia pode não puxar assunto, mas ela não é boba. Ela deu a ideia da feira do Lavradio porque sabia que ficava a duas quadras da minha casa. Eu tinha comentado que morava na Riachuelo, que é uma rua que corta a rua do Lavradio. Ela já veio na maldade e eu amo muito ela por isso. Entenda que chegamos na minha casa por volta de 14h30. A Bia só foi embora às 13h do dia seguinte. Nosso date durou mais de 20 horas.
Obviamente não vou entrar em detalhes sobre tudo que fizemos nessas mais de 20 horas, mas tem uns momentos que se destacaram muito e eu sempre comento com muita alegria.
Uma hora, estavamos conversando e ela dizia tudo certo, tudo que eu gosto de ouvir. Ela faz tudo sorrindo. E é um sorriso lindo, com os olhos. Eu não me aguentei e disse: “você é maravilhosa”. Ao que ela respondeu: “eu sei”. Me lembrou o Mario Quintana falando pra sobrinha neta dele “só senta aí e me adora” quando ela perguntou o que ia ficar fazendo ali sentada do lado dele. Mas foi isso que eu fiz (e faço até hoje). Eu deitei ali e fiquei adorando ela.
Só que aos poucos aquele vermezinho da ansiedade foi acordando e fui ficando nervosa, que tava tudo tão lindo, tão bom, tão incrível. Mas ela ia ir embora. E provavelmente nunca mais ia querer saber de mim. Porque eu sou muito intensa, eu ocupo muito espaço, eu falo muito. E aí eu lembrei porque eu não queria mais me apaixonar. Então eu disse pra ela: “cara, você precisa parar de falar as coisas certas, porque eu me envolvo. Eu vou me envolver.”
Nessa hora, eu esperava qualquer coisa, menos o que ela falou. Ela disse duas palavrinhas muito simples: “se envolve”.
E esse ano faz dois anos que eu me envolvi, que eu sigo me envolvendo. A Bia é apaixonante em tudo que faz e eu sinto que sou cada dia mais apaixonada por ela. Em dezembro ela me chamou pra morar com ela num apartamento novo que a família dela reformou e deu de presente pra ela. Nos mudamos numa sexta-feira 13. Acho graça até hoje. Mas deu tudo certo. Na primeira noite a gente comeu pizza sentada no chão da sala porque esses móveis ainda não tinham chegado. Mas a gente tinha a tv e o colchão do quarto. Agora a nossa casinha já tem tudo e aos pouquinhos a gente tá deixando ela com a nossa cara.
Ela nunca faz eu sentir que ocupo muito espaço. Ela faz eu me sentir suficiente. E sempre que eu solto um fato curioso do nada, ela sorri, e meu coração segue quentinho.
Que texto lindo! vocês duas são muito fofas. Muitas felicidades para vcs!❤️
KKKKKKKK ameii!! Você é mt engraçada, espero que você e Bia se casem e procriem🤩🤩🤩